TABULA RASA


RESENHA
O psicólogo e lingüista canadense, Steven Pinker, relata e contesta em sua obra Tabula Rasa a ascendência na vida intelectual do ser humano.
Ele acredita que apesar da psicologia não ser tão politizada quanto alguma das outras ciências sociais, a revolução cognitiva em meados da década de 50, tudo mudou, sendo possível entendermos que muitos princípios da tabula rasa, que outrora pareciam atraentes, hoje são desnecessários ou mesmo incoerentes.
O comportamento não é apenas emitido ou evocado, e també  não provém diretamente da cultura ou da sociedade. Ele emerge de uma luta interna entre módulos mentais com diferentes destinações e objetivos.
O comportamento pode variar entre as culturas, mas a estrutura dos programas mentais que geram o comportamento não precisa variar. O comportamento inteligente é aprendido com êxito porque temos sistemas inatos que incumbem do aprendizado.
Se pensamento e ação são produtos da atividade física do cérebro e podem ser afetados pela experiência, então a experiência tem de deixar um vestígio na estrutura física do cérebro. A lógica simples diz que não pode haver aprendizado sem mecanismos inatos para aprender.
No século XX a doutrina da tabula rasa começa a apresentar rachaduras, pois novas ciências evidenciam que o pensamento é um processo físico.
A língua é o resumo do comportamento criativo e variável, contudo, Pinker descreveu que apesar de toda sua flexibilidade, a língua observa regras e padrões, ou seja, há uma combinação de palavras altamente sistemáticas.
O repertório de sentenças teoricamente é infinito, pois as regras da linguagem usam um truque chamado recursividade (auxílio), permitindo que uma frase contenha um exemplo de si mesmo, assim podemos afirmar que o número de sentenças, assim como o de pensamentos são infinitos.
A língua mãe de uma pessoa é uma habilidade cultural. Da mesma forma, para aprender sobre a cultura, crenças e valores, ela tem de ser equipada com mecanismos mentais capazes de extrair tais informações de outras pessoas, para que ela própria se torne membro da cultura.
Pinker questiona que se somos postos neste mundo para transcender a natureza,  como fazemos isso? Onde, na cadeia causal de genes evoluídos que constroem um computador neural, encontramos uma fresta onde podemos encaixar o evento aparentemente não mecânico de “escolha e valores”?
Se começarmos pensando que é a tabula rasa, quando alguém  menciona um desejo inato imediatamente o assentamento na superfície árida de nossa  imaginação e concluímos que ele tem de ser impulso inevitável, pois não existe mais nada na tabula para combatê-lo.
A tabula rasa era uma visão atrativa. Almejava impedir que as pessoas resvalassem para um fatalismo prematuro causado por males sociais evitáveis. Mas a tabula rasa, tem seu lado sombrio, que perverte a educação a criação de filhos e as artes, transformando-as em formas de engenharia.
Sabemos que a psicologia como um todo está nos momentos primitivos. Numa projeção futurista os profissionais dirão que estávamos somente engatinhando na direção correta.
REFERÊNCIA:
Pinker, Steven -TABULA RASA- a negação contemporânea da natureza humana – Companhia das Letras, 2004

Comentários

  1. Eu amo isso!
    Gosto de me lembrar que somos seres com um vazio que nada nos preenche e que constantemente insatisfeitos e a busca de............ descobrimos novidades e logo nos descobrimos com faltas e a
    procura novamente e assim vamos num circulo vicioso que nos faz regredir para nos descobrir quem somos e o que aprendemos ao olhar para dentro de nós com nossas experiências e com a ciência!

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