O MUNDO SERÁ DAS REDES SOCIAIS?




Por Adriano Silva
De acordo com o último levantamento nacional, existem 63,5 milhões de brasileiros com acesso à internet residencial ou no trabalho, desde número, 47,5 milhões foram usuários ativos durante o primeiro mês do ano. A mesma pesquisa aponta que há 47 milhões (74,8%) de internautas usuários do “Facebook”. Imagine que, de 63,5 milhões de pessoas postando a todo o momento fotos, vídeos, que dizem aos outros onde está, o que está lendo, o que estão fazendo, que tipo de dia eles estão tendo, ou o dia que desejariam ter (eu chamo de usuário “meu querido diário”).
É incompreensível e impossível imaginar, não é? - não apenas pela quantidade de tempo que levaria, mas também a quantidade de informações geradas. Para onde tudo isto vai? Provavelmente para alguns super servidores ou em algum lugar no ciberespaço e que estará a salvo por algum tempo e caindo no limbo do esquecimento com o passar do tempo. Às vezes penso que “o mundo poderia acabar neste exato momento e ninguém perceberia, a não ser que alguém postasse algo sobre o assunto no Facebook alguns minutos antes”.
A verdade é que a realidade parece não ser mais tão “real” e o “virtual” passou a ser mais tão real do que a própria realidade.
No mundo das redes sociais, somos conhecidos pelos comentários que tecemos, pelos vídeos e imagens que compartilhamos e “curtimos”, até aqui não há maiores problemas, não precisa existir uma razão. Podemos gostar de um “Face” (Usuário do Facebook), não apenas pelo que ele representa mas também pela quantidade de “curtir” dado a você. Não precisamos saber o “por que”, não se precisa de nenhuma lógica, nenhuma prova nenhum raciocínio - apenas “por que”. É tão fácil. E se você realmente gostar, poderá clicar em CURTIR e deixar todos os seus amigos saberem disto. Aliás, podemos até “comentar”, caso ache necessário, mas se você não o fizer, não importa. A única coisa importante é a quantidade de “CURTIR” um “post” recebe e a quantidade de vezes ele foi compartilhado.
Observe como a questão agora passou a ser um “substantivo”: Damos e recebemos um “curtir”. Aliás, numas destas postagens “meu querido diário”, damos um “Curtir” automaticamente, como uma pessoa anuncia ao mundo “quebrei a perna”, automaticamente clicamos em “curtir”....curtimos o infortúnio do outro, alguém posta a foto de um animal “linchado”...automaticamente damos um “curtir”...seria isto um ato perverso e velado também de nossa parte?
Virtualmente falando, podemos ser amigo de alguém, sem estar interessado no que ela tem a dizer, o que sente ou conhecer um pouco de sua história. Com os adventos das redes sociais, “amigo” não é mais um “substantivo” (denominam os seres - objetos, pessoas e fenômenos), agora parece que o sentido passou a “verbo” (caracteriza suas flexões, e não os seus possíveis significados). Dizer palavras parece estar ficando mais complicados do que nunca nesta nova realidade virtual, Parafraseando Exupéry em “O pequeno príncipe”: “Palavras são coisinhas difíceis de dizer”....será que podemos confiar (ou em parte) nesta nova forma de discurso?
O que fazíamos com nosso tempo antes do Facebook...Twitter...Orkut.? Bem, havia salas de bate-papo, e-mails, Torpedos, “Novos Grupos” e fóruns. Lembram-se? Ainda há. Será que 47 milhões de pessoas não podem estar equivocadas?
Empresas gastam milhões colocando em suas Home Page, funções “SHARE” (Sabem quando entram em qualquer site e neles há os símbolos das redes sociais e funções de “compartilhar” e “curtir”...pois bem, isto é o “termômetro” do que as pessoas estão interessadas e comentando, ficando fácil analisar o “mercado”) em ação. Imaginem 47 Milhões de “Faces” ou clientes em potenciais e tê-los “salivando” na tela.
Quando fui para minha primeira aula de Informática, havia computador compartilhado por 02 alunos e rodava um Windows 92, sim isto mesmo estava nos idos de 1992 e sim novamente - e volta na Idade das Trevas da informática nacional. O professor nos explicava os macetes do pacote Office, mas a alegria maior foi sobre explicações sobre “e-mails” e conversas “em rede” na pratica, por que tão logo as pessoas começaram a enviar mensagens uns para os outros, a sala entrou em erupção, um caos total. Pessoas enviado um e-mail e mensagens e pulando para outro computador para ver se e como o e-mail ou mensagem chegou isto é algo emocionante sobre a comunicação eletrônica, quando abrimos nosso e-mail.
Podemos ser amigo de muitos por que os conhecemos e vice versa e esperamos que a amizade nunca acabe. Na década de 70, Roberto Carlos queria ter um milhão de amigos (dizeres da canção “Eu quero apenas”), hoje estamos bem mais modestos, queremos apenas 5.000 (Limite Máximo de pessoas que se pode adicionar em um perfil no Facebook). Alguém realmente possui 5.000 pessoas que se podem chamar os amigos - que não seja virtual? Alguém precisa 5.000 amigos lendo sobre sua vida e gostos? Não temos curiosidade suficiente em nossas vidas para nos manter ocupados sem ler os detalhes sobre a vida de alguém?
A resposta é aparentemente "não".
Será que a vida continuar se não soubéssemos tudo sobre tudo? Mas o que acontece se  não nos mantivermos informados e perfis atualizados?
Algumas pessoas se recusaram a ser seduzidos pelas redes sociais. Elas insistem em realmente interagir olho no olho com outro individuo. Imagine isso! Essas pessoas são dinossauros técnicos. Eles vão morrer em breve e tornar-se extintos. Mas não se preocupem, podemos ler sobre isso no Facebook. Estamos seguros em nosso “mundo virtual”, estaremos sempre “conectados”, mas caso eu não esteja, pode deixar uma mensagem “Off line” no Facebook, que lerei quando possível.

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